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A LETRA MATA

A LETRA MATA

Em II Co. 3.6, Paulo declara que Deus “nos habilitou para sermos ministros de uma nova aliança, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata, mas o espírito vivifica”. Esse versículo costuma ser citado de maneira contextualizada, a fim de justificar que não se deve estudar as Escrituras. Há aqueles que argumentam que se aprofundar no texto, sem uma vida de dedicação a Deus pode distanciar o crente da fé, ou conduzi-lo à frieza espiritual. Mas é preciso ressaltar que não existe contradição entre espiritualidade e o estudo devotado das Escrituras. Essa polarização tem prestado um desserviço à igreja cristã, e coloca em oposição verdades que se complementam.
O próprio Jesus reconheceu que as Escrituras deveriam ser examinadas (Jo. 5.39), e Lucas e Paulo atestam que os de Bereia eram mais nobres, por compararem as Escrituras (At. 17.11). É bem verdade que há pessoas que fogem do cultivo da espiritualidade, e se escondem por detrás do mero intelectualismo bíblico. Mas isso nada tem a ver com a declaração de Paulo ao asseverar que “a letra mata”. O estudo bíblico, ao contrário do que defendem alguns críticos, é uma necessidade para a igreja. Devemos considerar que esta é serva da Palavra de Deus, por isso deve se submeter ao crivo das Escrituras, como defendiam os reformadores: Sola Scriptura (Somente a Escritura).
Outro risco em relação à interpretação de II Co. 3.6, é o de buscar um significado alegórico, ou melhor, espiritualizado nas Escrituras. Há cristãos que leem o texto fora do contexto, e algumas vezes, se fundamentam em versículos isolados, ou atribuem a ele significados que não são garantidos ao comparar Escritura com Escritura. Esses utilizam os versículos bíblicos ao seu bel-prazer, a fim de justificar suas posições particulares. A esse respeito, é digno de destaque o que declarou Pedro, ao considerar que nenhuma Escritura é de particular interpretação (II Pe. 1.20,21). Por esse motivo aqueles que estudam a Bíblia devem submeter suas interpretações ao pensamento de outros, sobretudos daqueles mais experientes com o texto bíblico.
Justamente em relação ao texto bíblico, não podemos desconsiderar que Deus usou linguagem humana para revelar sua Palavra. Assim sendo, a linguagem não pode ser desconsiderada, inclusive o apelo às línguas bíblicas, tendo em vista que os autores escreveram em hebraico e grego. Há aqueles que abusam da utilização do hebraico e grego em suas ministrações, mas isso não quer dizer que seja errado considerar os aspectos léxico-gramaticais da Bíblia. As línguas bíblicas devem ser colocadas aos pés da cruz do Senhor Jesus Cristo, e não acima da cruz como pôs Pilatos e também muitos que se utilizam desse conhecimento de forma equivocada (Jo. 19.19,20).
Para interpretar apropriadamente II Co. 3.6, devemos considerar que Paulo está discorrendo a respeito da Lei de Moisés, a qual se refere como “ministério da morte” (v. 7) e “ministério da condenação” (v. 9). Compreendemos, pelas mesmas Escrituras, que a Lei tem o seu valor, o próprio Apóstolo se refere “à glória da Lei” (v. 7), ainda que essa não seja resplandecente (v. 10). Isso acontece porque a revelação progressiva de Deus alcançou seu ápice em Cristo que nos trouxe uma aliança superior (Hb. 8.6). Por isso, os crentes não devem mais ser guiados por preceitos legais, tendo em vista que Jesus cumpriu a Lei, justificando-nos diante de Deus.
Quando Paulo declara que “a letra mata”, na verdade está destacando que aqueles que insistem em viver a partir da lei mosaica, trarão sobre si maior condenação. Ele se referia aos judaizantes que estavam disseminando o legalismo dentro da igrejas cristãs. A Epístola que endereçou ao Gálatas tinha como objetivo central alertar os crentes em relação àqueles que estavam pregando outro evangelho, diferente daquele ensinado pelos apóstolos, e ensinado por Cristo (At. 1.8). É preciso reconhecer que a Lei tem o poder de identificar a transgressão, mas é insuficiente para conduzi-los à salvação, pois somente a graça de Deus em Cristo pode fazê-lo (Ef. 2.8). A partir dessa dimensão, o crente pode então viver no Espírito, que lhe traz vida através da produção do fruto (Gl. 5.22).
Portanto, a utilização da expressão bíblica “a letra mata” não deve ser usada indevidamente para estimular a falta de estudo bíblico, muito menos o desconhecimento das línguas originais. Há líderes que sob a égide de uma suposta espiritualidade, ou por não se dedicaram ao estudo das Escrituras, repreendem aqueles que o fazem, disseminando a ignorância bíblica dentro da igreja. Por outro lado, os que se dedicam ao estudo da Palavra, devem fazê-lo com humildade, se submetendo à revelação, e sem deixar de conciliar o conhecimento com o amor, pois aquele sem este pode levar à soberba, e este sem aquele pode conduzir à dissolução, mas ambos juntos servem à edificação (I Co. 8.1).

Ev. José Roberto A. Barbosa (2º Secretário da Assembleia de Deus em Mossoró-RN e professor da EBD)

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